quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Complementando o Ferramental

O Fly, mais do que qualquer outra modalidade de pesca esportiva, nos impulsiona para o estudo, não só das técnicas de arremesso, montagem do equipamento, confecção de iscas, mas também de outras diversas matérias relacionadas a ele direta e indiretamente. Um dos assuntos mais interessantes é o estudo dos insetos ou entomologia, através dele o mosqueiro toma conhecimento da sua distribuição, ocorrências regionais, dos hábitos, comportamento, classificação e organização. Aliás classificação e organização estão presentes em inúmeros outros aspectos que envolvem a pesca com mosca: iscas (secas, molhadas, streamers, etc), ações das varas (lentas, rápidas, etc), linhas (flutuantes, afundantes, etc) e ainda em muitos outros. E com o atado não é diferente, logo nada melhor que manter tudo nos seus lugares adotando o uso de uma bancada e/ou de um organizador:

A Bancada ajuda a organizar o ferramental

O Organizador também pode ser uma boa opção pra manter tudo em ordem

Com o conjunto básico de ferramentas é possível confeccionar muitos modelos de moscas, mas nem só de ferramentas essenciais vive o atador. Com alguns incrementos no ferramental, o mosqueiro tem o trabalho de atar facilitado, ganha em produtividade e qualidade, eleva o potencial e melhora o acabamento das iscas. A seguir algumas ferramentas que apesar de não estarem classificadas como essenciais, não são de forma alguma dispensáveis:


Hackle Plier - É literalmente uma pinça para segurar penas (mas pode perfeitamente ser usada com outros materiais), é utilizada para girar e fixar o material sobre a haste do anzol. Penas longas podem ser manipuladas somente com as mãos sem maiores problemas, mas atar uma pena curta sem essa ferramenta exige muita paciência e habilidade. Disponível em uma grande variedade de formatos (alguns possuem uma empunhadura, outros simplesmente um anel ou curvatura para facilitar o giro do material), normalmente é usada na confecção de hackles (colares), formação do abdome, tórax, pernas, etc.


Half Hitch - Em diversas etapas da confecção de uma isca, são necessários nós para fixar o material ao anzol. Um dos nós mais utilizados é o Half Hitch, um nó básico, que pode ser feito com os dedos, com a ajuda do Bodkin ou de maneira mais fácil com a ajuda de uma ferramenta muito simples de mesmo nome (às vezes chamada também de Half Hitch Tool). Algumas ferramentas para atar (Bodkin, Dubbing Tools, Bobbin Threader, etc) possuem um Half Hitch Tool conjugado no cabo. 


Um substituto muito usual e eficiente para esta ferramenta é um tubo de caneta esferográfica (sem a carga), ou qualquer outro objeto cilíndrico (preferencialmente com formato cônico para facilitar o escorregamento do thread).


Modelos Simples, Thompson e Matarelli

Whip Finisher - Outra ferramenta utilizada para fazer nós, normalmente é usada ao final da confecção da mosca para fazer o nó de acabamento ou nó de finalização. Esse nó também pode ser feito somente com as mãos, porém a utilização dessa ferramenta (principalmente para moscas diminutas) facilita enormemente o trabalho. Os três modelos mais utilizados e comercializados são o Simples, o Thompson e o Matarelli. É comum o aprendiz ter um pouco de dificuldade para utilizar essa ferramenta (confesso que levei algum tempo pra pegar o jeito), mas com um pouco de exercício seu uso se torna prático e rápido.


Hair Stacker - Uma das tarefas mais desafiadoras para um atador é alinhar cerdas, sejam elas naturais (pêlos e penas) ou feitas de material sintético, usando somente as mãos. Esse simples e eficiente dispositivo (normalmente de metal ou plástico) é composto por um tubo vazado que se acomoda dentro de um outro fechado em um dos lados. As cerdas são introduzidas no tubo vazado e após algumas batidas em uma superfície rígida, são empurradas até o fundo, ficando as pontas perfeitamente alinhadas e prontas para serem atadas. Existem diversos modelos, com tamanhos e diâmetros diferentes, que se adequam a volumes e comprimentos distintos do material a ser empregado na confecção da mosca.


Dubbing Twister - O Dubbing é uma técnica muito utilizada para a confecção do corpo das moscas, ou parte dele (abdome, tórax, etc). Consiste basicamente em aplicar cerdas (pêlos, fibras de penas e outros materiais) ao fio de atado, facilitando o trabalho de envolver o anzol com essas cerdas. Existem diversas formas de se fazer o dubbing, uma das mais utilizadas é o Twist Dubbing, esse método consiste em fazer um laço (loop) com o thread, colocar as cerdas no laço e com o auxílio dessa ferramenta torcer o laço prendendo as cerdas ao thread.


É mais uma ferramenta extremamente simples que pode ser substituída por um arame torcido quase por completo, deixando-se duas pontas livres que deverão ser curvadas para o encaixe do laço. O desejável nessa ferramenta é que o cabo possua um peso suficiente para manter o fio tensionado, isso vai garantir uma boa fixação das cerdas.

A finalidade do furo é permitir o encaixe da ferramenta na morsa

Hackle Gauge - Após os primeiros atados e com o aprofundamento do estudo, o mosqueiro iniciante perceberá que o equilíbrio da isca é fundamental. De forma a garantir o equilíbrio, o cuidado com a proporcionalidade das partes da mosca (cauda, abdome, tórax, cabeça, hackle, etc) é essencial. Além de fornecer ao atador um gabarito para a confirmação do número do anzol (isso é especialmente útil quando os anzóis estão misturados), essa ferramenta apresenta uma graduação onde o mosqueiro poderá verificar se a pena escolhida possui cerdas com o comprimento ideal para o tamanho do anzol que está sendo usado. Basta apoiar a pena no pino, tensioná-la para que as cerdas fiquem eretas e conferir o comprimento.


Lente de Aumento - Outro instrumento muito útil para conferir os detalhes das moscas é a lupa. Se por um lado não é muito agradável destacar os defeitos da sua "obra prima", por outro é a única forma de melhorar a qualidade e o acabamento do seu trabalho.



Escovas de Velcro - Durante a confecção de uma mosca, muitas vezes é necessário distribuir o material de acordo com a sua finalidade. Nos streamers, as longas fibras precisam ser gradativamente direcionadas para dar forma à isca, já em algumas iscas que imitam insetos e crustáceos é preciso eriçar as cerdas do material para formar as pernas ou o partes do corpo da mosca. Esses singelos utensílios, que facilitam imensamente essas tarefas, nada mais são do que pequenos pedaços de velcro (a face mais abrasiva) fixados em um cabo (de plástico ou madeira), que se assemelham muito a escovas. A de formato cilíndrico é melhor empregada para pentear as fibras da mesma forma que fazemos com longos cabelos, já a plana é mais usada para arrepiar as fibras fixadas na mosca.

 É claro que existem outras ferramentas que o atador lança mão para ganhar tempo, produtividade e qualidade no atados, ainda pretendo ao longo das próximas postagens citá-las, porém farei isso de forma pontual quando uma determinada situação exigir seu uso. Espero que essas informações, mesmo sob a ótica de um aprendiz, ajudem a dirimir as dúvidas dos iniciantes.

Grande Abraço

2 comentários:

  1. Blog excelente, evoluindo a cada dia. Logo se tornará leitura obrigatoriamente recomendada por fóruns e afins a seus iniciados (como eu); bem como deleite e chance de novos conhecimentos aos avançados.
    Parabéns!
    Ilza.

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    Respostas
    1. Obrigado Ilza, é muita gentileza. Espero que possa ajudar aos que, assim como eu, estão iniciando e estão cheios de dúvidas.

      Grande Abraço

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