sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Pesque, Solte, Fotografe e Preserve

À primeira vista, esse título pode parecer um tanto estranho, pois se essas ações forem seguidas na seqüência, não haverá como fotografar o peixe, dado que o mesmo já terá sido libertado. Porém, particularmente, acredito que as palavras Pesque e Solte nunca deveriam ser escritas e pronunciadas separadas ou, de outra forma, quase sempre deveriam estar juntas quando em um contexto de pesca esportiva.

 Truta sendo liberada após captura
Fonte: http://www.rioproducts.com 

O Fly está constantemente relacionado à prática do Catch and Release (ou Pesque e Solte), a veemente característica artesanal da pesca com mosca (na qual em muitas das vezes é o próprio pescador que confecciona a isca) atribui a essa modalidade um cunho tipicamente conservacionista. Não é incomum encontrar locais onde só é possível praticar a pesca esportiva usando equipamento de Fly. A prática de Pescar e Soltar está diretamente associada ao conceito de preservação, quando executadas de forma correta, a captura, o manuseio e a liberação do peixe garantem a total recuperação e retorno seguro ao seu habitat. 

A iniciativa de devolver o peixe fornece ao pescador esportivo de forma singular, a clara noção de que ele é parte integrante do ecossistema, permitindo a  ele vislumbrar a importância de seu papel enquanto elemento constituinte desse ambiente, proporcionando a sensação de integração e convívio pacífico com a natureza.

Fonte: http://www.lyfeuwant.com

A devolução do peixe capturado (em conjunto com outras ações de preservação do locais de pesca), é a única maneira de garantir que no futuro ainda haverá o que se pescar. O pensamento de que só um ou alguns exemplares capturados e sacrificados não será suficiente para impactar a população de peixes daquele rio ou lago onde você costuma pescar é totalmente equivocado. Reflita um pouco, imagine se todos os pescadores que tiverem acesso a esse local agirem da mesma forma, por várias temporadas seguidas, sem dar tempo para que a população se restabeleça. Lembra daquele exemplar enorme, daquele troféu que você conseguiu capturar há um tempo atrás? Se ele tivesse sido devolvido, outros pescadores também teriam a chance de fisgá-lo. Agora imagine que se ao invés de você, tivesse sido outro a capturá-lo, caso este pescador não o devolva será você que nunca mais conseguirá ter o prazer de lutar com ele.

Fonte: http://www.tofinofishing.com

A liberação do peixe e seu conseqüente retorno à vida, pode se tornar muito mais serena bastando apenas que se tome alguns cuidados básicos:

-> Use anzóis sem farpa (ou com a farpa amassada)

Esta é sem dúvida uma prática que deve ser adotada por diversos motivos: em primeiro lugar para preservar a integridade física do pescador. Especialmente no fly, pois a isca passa por várias vezes próxima ao corpo (e principalmente à cabeça) do mosqueiro, em um eventual acidente, o anzol sem farpa será retirado de modo muito mais fácil. Em segundo lugar porque aumenta a eficiência das fisgadas, dado que a farpa é um ponto de resistência à penetração do anzol na boca do peixe. E finalmente porque o anzol sai facilmente sem forçar a retirada da boca do peixe, reduzindo o furo causado pela fisgada e a probabilidade de infecção por vírus e bactérias.

Não custa nada lembrar que existe uma forma correta de amassar a farpa do anzol.

-> Use um puçá (passaguá), alicate de contenção ou bicheiro

Imobilizar o peixe evitando que ele se debata facilita a retirada do anzol e deixa a mão do pescador longe de acidentes. Para peixes de boca muito mole, como a truta por exemplo, o uso do puçá (net como é chamado no Fly) é o mais indicado, nesse caso o alicate de contenção pode prejudicar mais do que ajudar. Se optar pelo uso do bicheiro, fisgue na parte inferior da boca, de dentro para fora, sem perfurar a língua.

-> Antes de tocar no peixe, molhe as mãos

Essa simples atitude ajuda a preservar o muco natural que cobre o corpo dos peixes. Nunca em hipótese nenhuma toque em suas guelras.

-> Não canse o peixe além do necessário

Procure sempre equilibrar o equipamento em função do peixe que irá pescar. Evite prolongar o tempo de briga com o peixe, isso pode levá-lo à exaustão prejudicando sua recuperação.

-> Vire o peixe de barriga pra cima

Essa prática funciona com a grande maioria dos peixes, causando um distúrbio momentâneo em seu sistema de orientação, normalmente eles ficam mais calmos, facilitando em muito a retirada do anzol.

-> Mantenha o peixe fora da água o menor tempo possível

Manuseie sempre o peixe perto da água, se estiver usando um puçá, mantenha-o dentro da água enquanto retira o anzol. Caso possua uma máquina fotográfica à prova d'água, a liberação pode ser feita sem retirar o peixe do seu elemento, as fotos ficarão ainda mais bonitas.

-> Respeite o tempo de recuperação dos peixes

Procure um lugar de águas calmas, sem correnteza e segure o peixe pela cauda sem que ele se esforce, até que sua recuperação seja plena e ele possa nadar normalmente.

E finalmente, mais uma dica para evitar acidentes com o pescador: nunca pesque sem proteção nos olhos, sempre use óculos (seja ele de grau, polarizado ou simplesmente de sol).


Fonte: http://www.fishandfloat.com

Existem 2 maneiras de eternizar os recompensantes momentos das batalhas que o pescador experimenta em suas capturas: uma é depender única e exclusivamente da sua memória, a outra é registrar as lembranças desses preciosos instantes em fotos. Não gosto muito de vídeos (para esse fim), admito que em diversas situações eles são indispensáveis, porém a forma mais poética de testemunhar todos os detalhes, muitas vezes imperceptíveis em um vídeo, desses momentos é através da sua imobilidade.

Portanto pratique e divulgue essas ações: Pesque, Fotografe, Solte e Preserve.

Grande Abraço

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