terça-feira, 26 de março de 2013

Microfoam Ant

Sou fã do chamado "atado alternativo", e apesar de estar há pouco tempo em contato com o fly e com a atividade de atar, tenho notado um modesto porém contínuo crescimento do uso dos materiais sintéticos (e similares). Talvez pela escassez cada vez maior das fibras naturais e pelo consequente aumento de seu custo, pela durabilidade, ou mesmo pela tentativa (iniciativa) de popularizar essa apaixonante modalidade, não importa, fato é que não há como argumentar contra a simples porém sábia afirmação de um expert no assunto, o mestre Odimir Manoel Gaspar: "...Praticamente todos os materiais convencionais e clássicos hoje usados no atado, de certa forma um dia foram materiais alternativos...". Não sou contra o uso de materiais naturais e tradicionais, comercializados especificamente para esse fim, muito pelo contrário para alguns ainda não existem substitutos, porém inegavelmente o material alternativo tem seu valor e seu espaço.

Considero que a criatividade é uma das características mais louváveis de um atador, pesquisar novos materiais, experimentá-los no atado e desenvolver técnicas para confeccionar moscas usando materiais não destinados a esse fim requer grande poder de observação e um enorme senso de oportunidade.  Isso explica minha enorme admiração pelo mestre Betinho Oliveira, uma referência quando se fala em atado alternativo (suas adaptações são fantásticas), vislumbrar que um simples cadarço poderá formar um excelente abdômen para ninfas ou que as fibras daquele espanador dariam um ótimo streamer pode parecer óbvio, mas só se torna evidente após alguém ter tentado e obtido sucesso. Um dos atadores mais talentosos que conheço e que também é adepto do atado alternativo é o mestre Jay "Fishy" Fullum, seu livro Fly Tying with Common Household Materials, é uma fonte muito inspiradora de idéias e incentivadora da criatividade e adaptação.

Bom, mas vamos ao atado. Esta é uma mosca muito fácil de ser atada, não requer muito material, nem muitas ferramentas, até o passo a passo é simples. Também não é nenhuma novidade, é uma adaptação de uma mosca clássica, originalmente montada com dubbing natural (pêlo de coelho), amplamente usada e divulgada dado a facilidade de montagem, sua eficiência comprovada e abundância do inseto que se propõe a imitar, uma formiga alada. A diferença é a grande sacada do mestre Jay que propõe a utilização  na sua confecção de um material muito comum hoje em dia e que é comumente descartado: espuma de proteção de aparelhos eletrônicos (Isomanta ou Microfoam).



Antes de iniciar o passo a passo propriamente dito, prepare o material cortando-o em tiras finas (sugiro 3 mm de largura). Corte todo o material que possuir e armazene para uso futuro. Essas tiras pode ser usadas para inúmeras finalidades, as mais práticas e interessantes são a confecção de abdômens de moscas secas, postes para emergers e para a montagem da formiga alada.

Material Básico:
  • Anzol de haste longa reta para moscas secas (2XL tamanhos #12 a #18)
  • Tiras de Microfoam (3mm de largura)
  • Thread 6/0 (preto ou marrom)
  • Cola de cianoacrilato
  • Esmalte (preto ou marrom)
  • Pena de galo (saddle ou neck)



Material Opcional:
  • Poly Yarn
  • Pernas de borracha
  • Fio de Chumbo
  • Marcador Permanente

Passo a Passo:

1º Coloque um anzol (com a farpa amassada) na morsa, faça uma cama de linha por toda a haste do anzol iniciando bem próximo ao olho, deixando livre uma distância suficiente para fazer a cabeça da mosca (aproximadamente 1 vez o tamanho do olho do anzol) até o início da curva.


2º Passe uma camada de cola por sobre a linha de atado para reforçar a base. 


3º Fixe uma tira de microfoam no final da base de thread, bem em cima da curva do anzol.


4º Enrole a tira de microfoam no anzol, cobrindo aproximadamente 40% da haste, formando uma bolinha (abdômen da formiga). Com o fio de atado dê forma ao abdômen, fixando a tira no lugar.


5º Continue a prender a tira na haste deixando uma distância suficiente para enrolar a pena do hackle. Comece uma nova bolinha para formar o tórax da formiga (essa bolinha deve ser ligeiramente menor). Tenha o cuidado de não invadir aquele espaço deixado antes do olho do anzol para formar a cabeça da mosca. Novamente cubra com o thread dando formato e fixação.


6º Enrole o fio de atado entre o olho do anzol e o tórax formando a cabeça da formiga. Corte o excesso da tira de microfoam e finalize com um nó de acabamento (caso queira tornar a mosca mais durável, passe uma fina camada de cola por cima de tudo).


7º Pinte o corpo da formiga com esmalte e espere secar.


8º Prenda o thread novamente no espaço entre o abdômen e o tórax, fixe a pena de galo e enrole dando umas quatro a cinco voltas. Corte o excesso da pena, faça um nó de finalização e coloque uma gota de cola de cianoacrilato. A formiga já está pronta!


Variações:

Além da formiga com o hackle, da direita pra esquerda vemos uma variação com a adição de duas pequenas pontas de asa de galo (tanajura), uma versão com pernas de borracha e asas de poly yarn (com uma gotinha de tinta amarela funcionando como indicador de batida) e uma outra combinação de cores.


Como trabalhar a isca:

Esta isca pode ser trabalhada de diversas maneiras dependendo da montagem. Pode simplesmente ser lançada na água e deixada ao sabor da correnteza ou vento, pode ser tracionada com pequenos recolhimentos de linha, pode ser usada como ninfa (adicionando-se um fio de chumbo como lastro por baixo do microfoam). De todas as formas é certo que provocará muitas ações que resultarão em muitas fisgadas.

Lembre de Não Esquecer:
  • Caso esteja usando a formiga como mosca seca (flutuante) e ela começar a afundar, deve-se "secá-la" com um sopro ou fazer alguns false casts para retirar a água. Alternativamente, pode-se aplicar flotante para recuperar a flutuabilidade.
  • Podem ser utilizados anzóis curvados para ninfas, desde que a haste seja suficientemente comprida para acomodar o abdômen e o tórax da mosca.
  • O microfoam aceita muito bem a pintura feita com marcador permanente, caso esteja utilizando esse material para formar o abdôme de moscas secas, essa é a melhor opção para tingí-lo.
Grande Abraço

quarta-feira, 13 de março de 2013

Associação Brasileira de Pesca com Mosca - ABPM

Uma ótima notícia pra quem, independentemente de ser mosqueiro, gosta da pesca esportiva, compreende os fundamentos associados à ela (como a importância de soltar o peixe, a preservação dos biomas e muitos outros) e ama a natureza: junto com o início do mês de março, após um trabalho primoroso de dedicação e perseverança, fomos presenteados com uma nova jornada na pesca com mosca no Brasil, a institucionalização da ABPM.

Se você acredita que ser um pescador esportista é muito mais do que simplesmente encarar a pesca como um esporte, se você entende que é preciso preservar e trabalhar em prol da preservação, se você também crê que para que a pesca com mosca se torne cada vez mais presente e forte no contexto da pesca esportiva no Brasil é fundamental participar, associe-se e divulgue.




Apoio integralmente este projeto e as idéias que estão fundamentadas em sua visão, missão e valores. Visite o site da ABPM, conheça o projeto e filie-se: 



"Juntos somos mais fortes"

Grande Abraço