segunda-feira, 20 de maio de 2013

Rubber Popper e a Câmara Secreta

Espero que o criador da isca (que na verdade se chama Ghost Popper)o mestre Jay "Fishy" Fullum, me perdoe pelo talvez inapropriado trocadilho, mas não encontrei título melhor pra descrever o passo a passo dessa simples e notável mosca. A idéia genial apresentada aqui mais uma vez ressalta a criatividade e a admirável capacidade de observação que para algumas pessoas, como o mestre Jay, é um ato natural e corriqueiro ao passo que para outros (como eu) é uma duríssima tarefa. Vislumbrar que o mais improvável item em uma loja de material de construção, artesanato ou papelaria tem enorme potencial para se tornar uma mosca eficaz e pegar peixe é para poucos.

O principal elemento na confecção desta mosca é o Weatherseal ou Fita para Vedação, um semi tubo de borracha oca que possui na face reta uma superfície adesiva. Esse material é utilizado para vedar portas e janelas, protegendo contra vibrações, entrada de poeira, umidade e também usada como isolante térmico. Existe no mercado em diversas cores e formatos, mas esse em especial possui um perfil muito interessante, na forma de uma letra "D", perfeito quando dobrado e sobreposto a si mesmo para a montagem do corpo da mosca.

Detalhe (à direita) do perfil em forma de "D" da Fita para Vedação ou Weatherseal


Abaixo, em corte transversal, podemos ver com clareza que o corpo da isca foi amarrada em 2 pontos, estrangulando os dois semi-tubos sobrepostos (pela face reta), formando 2 câmaras de ar que garantirão a flutuabilidade da mosca. A parte de baixo do corpo do popper, onde aparece a haste do anzol (revestida por chenille), serve para a ancoragem do material. Ao final uma pequena quantidade de epóxi pode ser aplicada na "boca" da mosca selando definitivamente as câmaras.

Seção transversal mostrando a Câmara Secreta (na verdade duas)

Material Básico:
  • Fita para Vedação (Weatherseal)
  • Anzol wide gap de haste longa reta (nesta montagem utilizei um Daiichi Stinger #2)
  • Thread 6/0 (branco ou monofilamento para atado)
  • Cola de cianoacrilato
  • Chenille (qualquer cor)
  • Olhos de Boneca
  • Sili legs (ou perninhas de borracha)
  • Unique Hair Branco (ou outra fibra qualquer para a cauda)



Material Opcional:

  • Epóxi (para selar as câmaras)
  • Angel Hair (ou outro brilho para a cauda)
  • Marcador permanente, esmalte ou tinta acrílica


Passo a Passo:

1º Corte um pedaço da fita para vedação que seja correspondente a duas vezes o comprimento da haste do anzol. Faça uma marcação na parte curva da fita exatamente no meio do pedaço.



2º Prenda o anzol (com a farpa já amassada) na morsa, faça uma base com o fio de atado, passe cola, prenda um pedaço de chenille na haste na mesma direção da ponta do anzol enrolando até o olho (deixe um espaço livre correspondente a aproximadamente 2 vezes o olho do anzol).


3º Enfie o anzol na cavidade da fita para vedação de tal forma que a ponta perfure e saia exatamente na marcação feita anteriormente (metade do comprimento).


4º Passe cola no chenille (se preferir pode usar epóxi) e empurre o anzol até que a parte reta da haste esteja quase saindo pelo furo. Note que o espaço livre próximo ao olho do anzol deverá ficar fora da cavidade da fita para vedação.


5º Depois de seco, coloque o anzol novamente na morsa com a face reta da fita para vedação voltada para cima. Retire a proteção da face reta, expondo a superfície adesiva, posicione de 3 a 4 perninhas mais ou menos no meio da haste do anzol (25% do comprimento da fita para vedação) aplique uma gota de cola para fixar.


6º Passe uma camada de cola na face reta e dobre a ponta de trás sobrepondo a parte que está fixada no anzol, cuidando para que as pontas fiquem perfeitamente alinhadas (apesar da fita para vedação possuir uma superfície adesiva, esta não me pareceu suficientemente aderente e apliquei uma camada de cola extra para garantir que tudo se manterá no lugar). Aplique uma gota de cola (ou epóxi) no furo onde saiu o anzol  para vedar a parte de baixo e evitar eventual entrada de água.


7º Faça duas amarrações com o fio de atado, a primeira imediatamente na frente das perninhas e segunda na metade da parte delimitada pela primeira amarração e a ponta da fita para vedação. Aperte bem o fio de atado para estrangular a fita e formar as câmaras de ar.


8º Aplique uma gota de cola de cada lado, em cima da segunda amarração feita com o fio de atado (a mais próxima do olho do anzol), prendendo os olhos de boneca na cabeça da mosca.


9º Separe um tufo de Unique Hair (ou a fibra de sua escolha) com aproximadamente o dobro do comprimento do anzol, prenda-o pela metade imediatamente atrás do ponto onde está fixada a fita para vedação, dobre a outra parte por cima e amarre para formar a cauda do popper (nesse ponto pode-se acrescentar o brilho). Arremate com o nó de acabamento de sua preferência e aplique uma gota de colar para fixar bem.


10º Coloque a mosca na posição vertical com a cabeça virada para cima e preencha as duas cavidades das pontas da fita para vedação (a inferior e a superior) com epóxi de forma a selar definitivamente o corpo do popper. Espere secar e a mosca estará pronta!


Variações:

Pode-se adicionar um pouco de cor com um marcador permanente, esmalte ou tinta acrílica, produzindo-se padrões com combinações de cores que sejam atrativas aos peixes de sua região. Mesmo para o padrão branco, recomendo pintar a parte da boca com um tom avermelhado de forma a torná-lo mais chamativo.


Padrão branco (Ghost) e Variação Colorida


Como trabalhar a isca:

Lance a mosca e tracione com pequenos recolhimentos de linha intercalados com breves pausas. A velocidade irá depender da atividade dos peixes, via de regra quando estão mais ativos pode-se trabalhar de forma mais rápida. Se estiverem letárgicos diminua o ritmo.

Lembre de Não Esquecer:
  • Essa montagem produz uma mosca com corpo volumoso tornando praticamente obrigatório o uso de um anzol wide gap (podem ser utilizados anzóis com outros formatos de abertura, desde que estas sejam grandes).
  • Além de outros tipos de fibras sintéticas, a cauda pode ser confeccionada com marabou, bucktail, fibras de pena de avestruz ou qualquer outro material que produza uma boa vibração.


Grande Abraço 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pesca de Vadeio

Caminhar pelas águas é sentir-se verdadeiramente parte integrante do bioma que o cerca.

Esta não é uma frase de um pescador famoso nem tampouco citação de algum autor que escreva sobre pesca esportiva, apenas minha opinião sobre a forma mais prazerosa (a meu ver) de exercitar a pesca com mosca. Particularmente acho que não existe melhor definição para o que sente um mosqueiro quando está praticando a pesca de vadeio. 


Vadeio no rio Aiuruoca - MG

Dentre as diversas formas de praticar o fly fishing (caiaque, no seco, flotada, etc) o vadeio, além de ser a mais clássica, acredito que seja também a mais recompensadora. O prazer de estar pescando literalmente no mesmo ambiente que o peixe transmite ao pescador esportivo a sensação de que as dificuldades são ainda maiores. Pode não parecer à primeira vista, mas estar na água ou fora dela faz uma enorme diferença. Dentro da água, em especial em um rio, além da visão, olfato e audição mais requisitados pois tudo está acontecendo à sua volta, temos mais um sentido sendo estimulado, o tato. Vencer a correnteza, achar o equilíbrio e caminhar sobre um leito arenoso ou de pedras, acrescenta mais pontos ao desafio de atrair e fisgar seu troféu.

A pesca de vadeio, em função de onde é praticada (flats, rios de montanha, lagoas, etc) exige equipamento apropriado e diverso, proporcionando conforto e segurança ao pescador esportivo durante sua caminhada pela água. Acredito que o vadeio em rios de montanha seja a variante mais desafiadora e que requer o maior número de acessórios, pelas condições normalmente encontradas nesses rios: leito e fundo com pedras de diferentes tamanhos, trechos compostos por degraus formados pela ação da descida da água, temperatura da água geralmente baixa, correnteza acentuada em certos trechos, etc. A seguir, destaco alguns assessórios usados nesta variante, tanto por ser a que exige mais equipamentos quanto por ter sido a única que pratiquei com o fly.


Sem as botas de Vadeio seria muito difícil caminhar sobre um fundo de cascalho

Wading Boot - É um dos acessórios mais essenciais à pratica do vadeio, além de proteger a sola dos pés (sem essa proteção seria praticamente impossível caminhar sobre um fundo pedregoso), também evita escorregões por ter a sola antiderrapante (existem diversas solas que previnem, ou minimizam muito, os escorregões: feltro, hard bites, vibram sole, etc) e ajudam também a evitar torções do tornozelo (pela estrutura encorpada e cano longo). Normalmente são sobrepostos (a parte de cima do cano) pelo wader para bloquear a entrada de sedimentos. Alguns pescadores ainda fazem uso dos gravel guards (tiras de neoprene presas por elásticos ou velcro) para vedar ainda mais a entrada de pedras ou outras partículas que possam causar incômodo ao caminhar. 


Modelo Flat Bootie da SIMMS

Nos flats, praias e manges onde há formações de coral e outras estruturas mais planas (lajes de pedra, conchas, raízes, etc) normalmente usa-se um outro tipo de calçado (flat booties), mais leves, feito de neoprene com uma sola plana de borracha.

Modelo Pro Guide da Orvis

Wader - Outro equipamento muito importante, principalmente em águas frias e nos casos em que necessita-se de proteção para a pele de qualquer natureza. O modelo mais comum é um macacão (chest wader) com meias de neoprene soldadas e suspensório, os mais modernos são confeccionados com material respirável e ainda assim impermeável garantindo que o pescador se mantenha seco. Normalmente possuem bolsos impermeáveis que ajudam a carregar outros itens essenciais para quem vai caminhar pelo rio ou mar e não terá a todo tempo um ponto de apoio próximo para deixar outros equipamentos.



 
Modelos Stocking Foot Waist da Sierra e Nylo-Stretch Deluxe Hip da Ron Thompson

Existem também outras opções que protegem somente até a cintura (calças ou waist waders) e até mesmo só as pernas (perneiras ou hip waders).


Com as botas e o macacão o mosqueiro já estará apto a caminhar pelas águas, porém existem alguns outros itens que ajudarão em muito a pesca de vadeio, provendo maior conforto e praticidade ao pescador.


Folding Wading Staff da Simms

Wading Staff - Caminhar em um rio de montanha, com relevo irregular e águas rápidas exige muito mais do equilíbrio do que se possa imaginar. Nesta situação um ponto de apoio a mais faz toda a diferença. O bastão de vadeio permite que pescador mantenha a firmeza dos passos até conseguir um ponto mais tranquilo e seguro para fazer os arremessos. Além do apoio extra, ajudam também na identificação da profundidade e podem auxiliar a prevenir acidentes. Os wading staffs normalmente possuem um cabo retrátil para fixação enquanto não estão sendo usados como apoio e alguns modelos são fabricados utilizando um prático sistema de montagem/desmontagem que permite tanto sua rápida abertura quanto uma considerável redução do tamanho para fins de transporte e armazenagem.

Modelo Blackfoot River da Redington 

Colete - Complemento indispensável para um vadeio mais longo, situação que exige que o mosqueiro carregue consigo um considerável número de pequenos itens (pinça, leaders extras, caixa de moscas, tippets, nipper, flotante, etc). Alguns modelos ainda contam com bolsos impermeáveis para documentos, celulares e chaves e compartimentos maiores (normalmente nas costas) para itens mais volumosos.

Lanyard - Modelo da Morning Stars 

Ainda existem o necklaces ou lanyards, cordões com clips e prendedores retráteis que também permitem deixar à mão os acessórios considerados mais úteis pelo pescador.

Net preso ao colete por um cabo retátil 

Net - O Puçá, Passaguá, Coador ou Landing Net, para algumas espécies de peixes e/ou para quem quer garantir a foto, é um item que também não pode ser dispensado. A forma mais prática de incorporá-lo ao equipamento de vadeio é fixá-lo a um cabo retrátil preso ao colete (nas costas) ou na cintura, deixando-o ao alcance das mãos, de forma a facilitar o manejo do peixe dentro d'água.

Nunca é demais lembrar que passar algumas horas caminhando em rios de montanhas, em flats, lagoas ou praias requer planejamento prévio e monitoramento constante do clima, o tempo pode mudar repentinamente e deixar o mosqueiro exposto a adversidades como tempestades ou enxurradas. 

Grande Abraço 

terça-feira, 26 de março de 2013

Microfoam Ant

Sou fã do chamado "atado alternativo", e apesar de estar há pouco tempo em contato com o fly e com a atividade de atar, tenho notado um modesto porém contínuo crescimento do uso dos materiais sintéticos (e similares). Talvez pela escassez cada vez maior das fibras naturais e pelo consequente aumento de seu custo, pela durabilidade, ou mesmo pela tentativa (iniciativa) de popularizar essa apaixonante modalidade, não importa, fato é que não há como argumentar contra a simples porém sábia afirmação de um expert no assunto, o mestre Odimir Manoel Gaspar: "...Praticamente todos os materiais convencionais e clássicos hoje usados no atado, de certa forma um dia foram materiais alternativos...". Não sou contra o uso de materiais naturais e tradicionais, comercializados especificamente para esse fim, muito pelo contrário para alguns ainda não existem substitutos, porém inegavelmente o material alternativo tem seu valor e seu espaço.

Considero que a criatividade é uma das características mais louváveis de um atador, pesquisar novos materiais, experimentá-los no atado e desenvolver técnicas para confeccionar moscas usando materiais não destinados a esse fim requer grande poder de observação e um enorme senso de oportunidade.  Isso explica minha enorme admiração pelo mestre Betinho Oliveira, uma referência quando se fala em atado alternativo (suas adaptações são fantásticas), vislumbrar que um simples cadarço poderá formar um excelente abdômen para ninfas ou que as fibras daquele espanador dariam um ótimo streamer pode parecer óbvio, mas só se torna evidente após alguém ter tentado e obtido sucesso. Um dos atadores mais talentosos que conheço e que também é adepto do atado alternativo é o mestre Jay "Fishy" Fullum, seu livro Fly Tying with Common Household Materials, é uma fonte muito inspiradora de idéias e incentivadora da criatividade e adaptação.

Bom, mas vamos ao atado. Esta é uma mosca muito fácil de ser atada, não requer muito material, nem muitas ferramentas, até o passo a passo é simples. Também não é nenhuma novidade, é uma adaptação de uma mosca clássica, originalmente montada com dubbing natural (pêlo de coelho), amplamente usada e divulgada dado a facilidade de montagem, sua eficiência comprovada e abundância do inseto que se propõe a imitar, uma formiga alada. A diferença é a grande sacada do mestre Jay que propõe a utilização  na sua confecção de um material muito comum hoje em dia e que é comumente descartado: espuma de proteção de aparelhos eletrônicos (Isomanta ou Microfoam).



Antes de iniciar o passo a passo propriamente dito, prepare o material cortando-o em tiras finas (sugiro 3 mm de largura). Corte todo o material que possuir e armazene para uso futuro. Essas tiras pode ser usadas para inúmeras finalidades, as mais práticas e interessantes são a confecção de abdômens de moscas secas, postes para emergers e para a montagem da formiga alada.

Material Básico:
  • Anzol de haste longa reta para moscas secas (2XL tamanhos #12 a #18)
  • Tiras de Microfoam (3mm de largura)
  • Thread 6/0 (preto ou marrom)
  • Cola de cianoacrilato
  • Esmalte (preto ou marrom)
  • Pena de galo (saddle ou neck)



Material Opcional:
  • Poly Yarn
  • Pernas de borracha
  • Fio de Chumbo
  • Marcador Permanente

Passo a Passo:

1º Coloque um anzol (com a farpa amassada) na morsa, faça uma cama de linha por toda a haste do anzol iniciando bem próximo ao olho, deixando livre uma distância suficiente para fazer a cabeça da mosca (aproximadamente 1 vez o tamanho do olho do anzol) até o início da curva.


2º Passe uma camada de cola por sobre a linha de atado para reforçar a base. 


3º Fixe uma tira de microfoam no final da base de thread, bem em cima da curva do anzol.


4º Enrole a tira de microfoam no anzol, cobrindo aproximadamente 40% da haste, formando uma bolinha (abdômen da formiga). Com o fio de atado dê forma ao abdômen, fixando a tira no lugar.


5º Continue a prender a tira na haste deixando uma distância suficiente para enrolar a pena do hackle. Comece uma nova bolinha para formar o tórax da formiga (essa bolinha deve ser ligeiramente menor). Tenha o cuidado de não invadir aquele espaço deixado antes do olho do anzol para formar a cabeça da mosca. Novamente cubra com o thread dando formato e fixação.


6º Enrole o fio de atado entre o olho do anzol e o tórax formando a cabeça da formiga. Corte o excesso da tira de microfoam e finalize com um nó de acabamento (caso queira tornar a mosca mais durável, passe uma fina camada de cola por cima de tudo).


7º Pinte o corpo da formiga com esmalte e espere secar.


8º Prenda o thread novamente no espaço entre o abdômen e o tórax, fixe a pena de galo e enrole dando umas quatro a cinco voltas. Corte o excesso da pena, faça um nó de finalização e coloque uma gota de cola de cianoacrilato. A formiga já está pronta!


Variações:

Além da formiga com o hackle, da direita pra esquerda vemos uma variação com a adição de duas pequenas pontas de asa de galo (tanajura), uma versão com pernas de borracha e asas de poly yarn (com uma gotinha de tinta amarela funcionando como indicador de batida) e uma outra combinação de cores.


Como trabalhar a isca:

Esta isca pode ser trabalhada de diversas maneiras dependendo da montagem. Pode simplesmente ser lançada na água e deixada ao sabor da correnteza ou vento, pode ser tracionada com pequenos recolhimentos de linha, pode ser usada como ninfa (adicionando-se um fio de chumbo como lastro por baixo do microfoam). De todas as formas é certo que provocará muitas ações que resultarão em muitas fisgadas.

Lembre de Não Esquecer:
  • Caso esteja usando a formiga como mosca seca (flutuante) e ela começar a afundar, deve-se "secá-la" com um sopro ou fazer alguns false casts para retirar a água. Alternativamente, pode-se aplicar flotante para recuperar a flutuabilidade.
  • Podem ser utilizados anzóis curvados para ninfas, desde que a haste seja suficientemente comprida para acomodar o abdômen e o tórax da mosca.
  • O microfoam aceita muito bem a pintura feita com marcador permanente, caso esteja utilizando esse material para formar o abdôme de moscas secas, essa é a melhor opção para tingí-lo.
Grande Abraço

quarta-feira, 13 de março de 2013

Associação Brasileira de Pesca com Mosca - ABPM

Uma ótima notícia pra quem, independentemente de ser mosqueiro, gosta da pesca esportiva, compreende os fundamentos associados à ela (como a importância de soltar o peixe, a preservação dos biomas e muitos outros) e ama a natureza: junto com o início do mês de março, após um trabalho primoroso de dedicação e perseverança, fomos presenteados com uma nova jornada na pesca com mosca no Brasil, a institucionalização da ABPM.

Se você acredita que ser um pescador esportista é muito mais do que simplesmente encarar a pesca como um esporte, se você entende que é preciso preservar e trabalhar em prol da preservação, se você também crê que para que a pesca com mosca se torne cada vez mais presente e forte no contexto da pesca esportiva no Brasil é fundamental participar, associe-se e divulgue.




Apoio integralmente este projeto e as idéias que estão fundamentadas em sua visão, missão e valores. Visite o site da ABPM, conheça o projeto e filie-se: 



"Juntos somos mais fortes"

Grande Abraço

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ração Artificial

Pra quem mora nos grandes centros ou em cidades que não possuem muitos locais naturais com a presença de peixes esportivos, o pesqueiro ou pesque e pague (hoje já existe também o pesque e solte ou pesque e devolva) é uma alternativa prática e confortável para treinar arremessos e porque não dizer de um ótimo divertimento considerando-se as possibilidades de boas fisgadas. E para não contar exclusivamente com a sorte, o cuidado com alguns detalhes aumentam de sobremaneira as possibilidades de se levar de volta pra casa aquela tão desejada foto. 


Lago do Parque Cão Sentado - Nova Friburgo 

Um dos componentes mais importantes é a isca (neste caso, a mosca). Muitos dos peixes presentes em pesqueiros possuem (em maior ou menor grau) parte de sua memória genética (ou instinto animal) preservada, e mesmo em cativeiro ainda são capazes de reproduzir determinados comportamentos, principalmente os relacionados à sobrevivência das espécies (tais como: acasalamento, proteção e alimentação). Podemos então considerar como premissa que as iscas a serem utilizadas nos pesqueiros deveriam ser as mesmas que utilizaríamos caso o peixe estivesse em seu ambiente natural, isso em parte é verdade. Devido à preservação da memória genética, uma mosca imitando um peixinho, um inseto ou um verme seria suficiente para atrair a atenção daquela bela tilápia, mas muitas vezes essas iscas são totalmente ignoradas imprimindo imensa frustração no mosqueiro que vê o peixe e não consegue fisgá-lo. Então que mosca utilizar em uma situação dessas?


Cardume de Tambacús - Parque Cão Sentado - Nova Friburgo

Eu admito que aos olhos dos puristas isso não poderia ser classificado como uma "mosca", mas se levarmos em consideração que a isca é a imitação artificial do alimento do peixe e ainda, partindo-se do princípio que os peixes criados em um pesqueiro se alimentam basicamente de ração, então me atrevo a dizer não só que isso é uma mosca, mas também que essa isca não deve faltar na caixa de qualquer mosqueiro que queira se aventurar por essas águas.


Ração Natural e Ração Artificial

Existem diversas receitas de ração artificial: bolinha de lã (wool ball), de pêlos (hair ball), miçangas, discos de cortiça, e talvez a mais popular e a mais utilizada: a Ração de EVA. Ainda podemos encontrar algumas variações inclusive que combinam mais de um desses materiais (EVA + Cortiça, EVA + Lã, etc). É uma "mosca" extremamente simples de ser "atada", tanto que foi a primeira que confeccionei (em meus passos iniciais utilizando material e ferramentas de atado).

Material Básico:
  • Anzol com boa abertura (utilizo o modelo 12146 da Marine Sports #4)
  • Folhas de EVA (cores próximas ao castanho)
  • Thread 6/0
  • Colas para EVA e Cianoacrilato

Material Opcional:
  • Cortiça
  • Retalhos de EVA Colorido
  • Pincel Marcador Permanente
  • Esmalte ou Tinta Acrílica

Passo a Passo:

1º Empilhe e cole 3 folhas de EVA (se preferir corte a folha em pedaços menores) usando a cola para EVA formando um sanduíche


2º Deixe secar completamente conforme indicação do fabricante da cola.


3º Com um cortador de couro e um martelo (para esse anzol utilizo um cortador de 11 mm de diâmetro), corte os discos de EVA que formarão as "bolinhas" de ração.


Os cortes podem ser feitos bem próximos uns dos outros aproveitando ao máximo o material.


4º Com um estilete ou lâmina de barbear faça um corte no disco superior da ração, este corte servirá para a fixação ao anzol.


5º Coloque um anzol (com a farpa amassada) na morsa e faça uma base de fio de atado até a curva do anzol. Faça um nó e corte o fio de atado.


6º Passe a cola de cianoacrilato sobre a base de fio e fixe a ração ao anzol, encaixando a haste no corte feito no disco superior.


7º Aguarde alguns segundos para secar e está pronto!


Variações:

As folhas de EVA normalmente tem 2 mm, alternativamente ao sanduíche podem ser usadas placas de EVA do tipo tatame/tapete (recomendo no mínimo a espessura de 5 mm).

Placas de Tatame de EVA

Placas de diferentes cores, espessuras e materiais podem ser utilizados, desde que a flutuabilidade da ração não fique comprometida

Combinações com outras cores e espessuras e com cortiça

Para locais com águas escuras, próximas da cor da ração, é aconselhável a adição de um indicador de batida (strike indicator) de modo a facilitar a localização da isca. Existem diversas formas de adicionar o indicador: com um marcador permanente, esmalte ou tinta acrílica, ou até mesmo um pequeno retalho de EVA colorido colado no lado oposto ao do anzol.

EVA amarelo agindo como indicador de batida

Como trabalhar a isca:

Basta lançar a isca na água e aguardar a batida do peixe. Caso os peixes estejam refugando ou de modo a aumentar a chance de capturas, pode-se lançar punhados de ração natural próximo à mosca (se a mosca estiver distante, pode-se lançar a ração natural usando uma vara auxiliar com bóia cevadeira ou um estilingue específico para esse fim).

Atestando a eficiência da ração com as Tilápias

e também com as Carpas


Lembre de Não Esquecer:
  • O diâmetro dos discos de EVA (cortador) deverá ser aumentado ou diminuído de acordo com o tamanho da haste do anzol. Assim como o tamanho do anzol deverá estar compatível com o tamanho e a boca do peixe. 
  • Qualquer outro anzol pode ser utilizado, dê preferência aos curtos com abertura grande (tipo Chinu).
  • Prepare um boa quantidade de rações, caso o peixe possua dentição avanjatada, após algumas capturas a ração poderá ficar bem danificada.
Grande Abraço