segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

HO Candy Double X

A motivação para o atado de determinado padrão pode vir de diversas fontes: seja pelo sucesso da pescaria de um amigo, através da publicação de uma receita em um site ou revista especializada ou simplesmente porque um de seus mestres a atou (ou ainda, como é o caso, os três ao mesmo tempo). Quando isso acontece, diz-se: "você foi fisgado por essa mosca", o que em parte não deixa de ser verdade, mas particularmente acredito que o gatilho para disparar essa motivação tem fundamento científico, pois no fundo um bom pescador sempre tenta observar as coisas pela ótica do peixe, e sendo assim, se uma determinada mosca o atraiu, é porque ele viu nela alguma coisa que pensa que irá também despertar interesse no peixe.



Meu estímulo para o atado dessa mosca foi um tópico em um fórum, criado pelo mestre Odimir Gaspar sobre padrões utilizados em flotadas (pesca realizada em botes que descem o rio, flutuando de forma razoavelmente controlada ao sabor da correnteza) na Patagônia. Algum tempo depois, reforçando minha motivação, pude assistir o mestre Odimir em ação atando-a, a convite de outro mestre, Betinho Oliveira, em um dos episódios de seu excelente programa A Arte do Atado. Assim como uma truta dispara em direção à mosca que lhe é apresentada, alguma coisa me dizia que aquele padrão tinha algo que valia muito a pena, nesse sentido, fui literalmente atraído pela mosca.


As moscas mais eficientes em disparar esse gatilho são chamadas de Attractors, uma categoria de moscas secas que não imitam nenhum ser vivo em particular, ou melhor dizendo, possuem reunidas em uma só mosca características potencializadas de diversos seres (tamanho, cor, silhoueta, movimento, etc) e que despertam nos peixes o impluso para o ataque. São utilizadas principalmente quando não há a ocorrência de eclosões de insetos em particular e os peixes estão muito mais orientados pelo oportunismo da oferta de alimentos do que pela predileção por determinado cardápio. 

Esse padrão de attractor foi desenvolvido por Tim Wade, dono da North Fork Anglers, reconhecidamente um grande criador de padrões que produzem ótimos resultados onde quer que sejam utilizados. Pode representar facilmente uma grande stonefly, um gafanhoto ou outro inseto de tamanho razoável indicando ao peixe uma grande quantidade de proteína ao alcance de uma simples bocada!

Sendo assim, peço licença aos mestres Odimir e Betinho pela ousadia das poucas adaptações que fiz e por tentar reproduzir em um modesto passo a passo a montagem desse padrão. Vamos seguir essa motivação e partir pra morsa!

Material Básico:
  • Anzol Tiemco 5263 #6
  • Fio de atado 6/0 fluo orange
  • EVA 2mm tan
  • Angora Goat Dubbing burnt orange
  • Poly Yarn branco
  • Pena do pescoço do faisão dourado (tippets)
  • Perninhas de borrachas listradas (branco/preto)
  • DNA Holo Chromosome Flash pearl
  • Elk Hair natural
  • Marcador Permanente preto



Passo a Passo:

1º Coloque um anzol na morsa, com a farpa amassada, prenda o fio de atado e faça uma base por toda a parte reta da haste, desde o olho até a curva do anzol.


2º Pegue uma pena do pescoço do faisão dourado (tippets) e retire as fibras do entorno que não possuem as listras pretas, o resultado deverá ser um "leque" bem definido.



3º Prenda a pena no final da parte reta da haste do anzol. O comprimento dessa "cauda" deverá ser aproximadamente do mesmo tamanho da parte reta da haste. Esse tamanho deve ser tal que garanta que as duas listras negras fiquem visíveis mesmo depois de presa a tira de EVA (próximo passo).


4º Corte uma tira de EVA com largura igual à abertura do anzol e recorte uma das pontas em formato ovalado.


5º Prenda a tira de EVA por cima da pena de faisão de tal forma que as listras negras ainda sejam visíveis. O ponto de amarração deverá ser o final da parte reta da haste do anzol. Dê de 4 a 5 voltas com o fio de atado para formar o primeiro segmento do abdômen.



6º Levante a tira de EVA e bem junto dê duas voltas com o thread na haste do anzol. Aplique o dubbing no fio de atado e enrole na haste para formar o sub corpo do próximo segmento do abdômen.


7º Passe a tira de EVA por cima do dubbing e prenda com duas voltas do fio de atado. Esse segundo segmento deverá ser ligeiramente menor que o anterior. 


8º Corte uma perninha de borracha ao meio e prenda essa metade em um dos lados desse segmento com 2 voltas do fio de atado.


9º Gire a morsa e repita a operação no outro lado do segmento, fixando com mais duas voltas de fio de atado.



10º Repita o passo 6, levantando a tira de EVA e bem junto faça duas voltas com o fio de atado na haste do anzol. Mais uma vez, aplique o dubbing ao thread e enrole na haste para formar o sub corpo do próximo segmento do abdômen.


11º Agora repita o passo 7, prendendo a tira de EVA por cima do dubbing com duas voltas do fio de atado. Esse segmento deverá ser do mesmo tamanho que o anterior.


12º Corte o excedente da tira de EVA e arremate a amarração com algumas voltas de fio de atado, formando um pequeno cone. 


13º Separe 10 fibras do DNA Holo Chromosome Flash, dobre ao meio e corte. Prenda as fibras por cima do cone pela metade do seu comprimento, avance para frente com algumas voltas do fio de atado, dobre o excedente das fibras para trás e retorne com o thread fixando com algumas voltas. Apare as fibras para que fiquem com comprimento ligeiramente maior que o abdômen.


14º Separe um tufo de Elk Hair, retire o sub pelo e as fibras mais curtas. Coloque-o no hair stacker com as pontas finas voltadas para baixo para alinhá-las.


15º Posicione o tufo de Elk Hair, a partir do ponto onde foi fixado o DNA Holo Chromosome Flash, com as pontas finas já alinhadas, voltadas para frente. Prenda as fibras de Elk Hair com algumas voltas de fio de atado sem tensioná-lo, até bem próximo do olho do anzol, nesse ponto dê duas voltas bem apertadas com o thread. Apare com uma tesoura o excedente das pontas grossas.


16º Retorne com algumas voltas de fio de atado, bem tensionadas, até a parte mais alta do cone. Dobre as fibras de Elk Hair para trás e prenda-as com 2 voltas de fio de atado para formar a cabeça da mosca.


17º Corte outra perninha de borracha ao meio e prenda uma metade de cada lado desse segmento da cabeça, como nos passos 8 e 9.



18º Corte um tufo de Poly Yarn e prenda-o pela metade do comprimento na parte de cima do segmento da cabeça. Apare as fibras para que não fiquem maiores que os fios do Elk Hair.


19º Aplique um pouco de dubbing no fio de atado, puxe as fibras do DNA Holo Chromosome Flash, Elk Hair e Poly Yarn para trás e dê duas ou três voltas para dar acabamento à amarração. Dê o nó de finalização de sua preferência e aplique uma gota de cola ou head cement para travar. Aplique também uma gotícula de cola no ponto e amarração das pernas para fixá-las no lugar.


20º Apare o excedente do tamanho das rubber legs, cujo comprimento não deverá exceder o comprimento do anzol.



Pode-se pintar alguns pequenos riscos com um marcador permanente nas laterais do EVA e sobre os segmentos, adicionando mais detalhes à mosca.

Como trabalhar a isca:

O trabalho com moscas secas na grande maioria das vezes é arremessá-las rio acima deixando que derivem naturalmente, sem que sejam dragadas, ao sabor da correnteza, como um inseto sendo levado pela água. Porém como estaremos pescando com uma attractor, pode-se e deve-se tracioná-la com pequenos recolhimentos de linha para que deslize sobre a água (skating), simulando o voo das fêmeas de alguns insetos para depositarem seus ovos na água.

Lembre de Não Esquecer:

As penas do pescoço do faisão possuem no cálamo, uma "sub-pena" que pode ser facilmente separada e utilizada como asas em moscas pequenas.

Grande Abraço

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